Antes uma surpresa, hoje uma realidade: quem não precisou readequar a casa para comportar o expediente do sistema home office?
Mas adaptar não significa atuar de uma forma improvisada: uma cadeira confortável ou uma mesa na altura correta, itens que muitas vezes podem passar despercebidos, podem afetar diretamente na produtividade por conta de incômodos e dores que afetam a saúde. “Por isso, é preciso analisar com atenção os móveis escolhidos para compor o escritório em casa”, afirma a arquiteta Júlia Guadix, à frente do escritório Liv’n Arquitetura.
Porém, antes de realizar qualquer aquisição, é necessário conhecer as dimensões do cômodo (ou do cantinho) para o home office, pensar no fluxo de trabalho e aquilo que a rotina solicita que esteja mais à mão para o dia a dia.
“Circulação também é primordial, principalmente em áreas mais apertadas, já que não dá para ficar se batendo a cada movimento realizado”, explica a profissional. Ela ainda adiciona que, se possível, o dormitório deve ser um ambiente evitado para o home office, uma vez que a sua função inicial, que é o descanso, pode confundir o momento de trabalhar.
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“E, sem dúvidas, isso gera um desgaste no emocional das pessoas, que a todo momento são confrontadas com a ambientação propícia ao relaxamento. Essa contradição atrapalha no trabalho e também na hora de dormir”, adiciona.
Acompanhe o checklist com todos os móveis para a montagem do home office perfeito:
Cadeira
A cadeira é um dos elementos fundamentais do home office. Com a ergonomia certa, evita desconfortos, comorbidades na coluna e no sistema circulatório, além de evitar o estresse e o cansaço|Foto: Guilherme Pucci
Na relação do mobiliário essencial, a cadeira puxa a lista, pois quem trabalha no sistema remoto de escritório precisa de ergonomia e conforto para contribuir no rendimento do trabalho. As mais recomendadas são as versões com estofado ou telas, com regulagem de altura, rodízios, braços e encostos. “O desenho e as medidas da peça devem assegurar um bom apoio para a lombar e as costas. Também recomendo que a frente do assento seja arredondada”, ressalta Júlia.
No tocante ao encosto, é indicado que seja articulado e com possibilidade de ajuste da altura, considerando que, quanto maior o espaldar, melhor será a sustentação da coluna. Pensando nos rodízios, vale analisar os pisos para os quais são indicados – alguns modelos evitam até os riscos em pisos de madeira –, bem como o peso que ele suporta. Passando para a estrutura em si da cadeira, o usuário deve atentar-se às molas de suporte, que diminuem o impacto dos movimentos de ‘senta-levanta’ e, quanto à altura do assento, o padrão fica por volta de 45cm.
Mesa, bancada ou escrivaninha?
Armários, gaveteiros, e prateleiras são essenciais para deixar o ambiente de trabalho organizado, ajudando a manter o foco nas tarefas | Foto: Guilherme Pucci
Segundo Júlia, as três opções (armários, gaveteiros e prateleiras) oferecem seus benefícios. O segredo está em verificar aquele que faz mais sentido para o espaço dedicado ao home office. O ideal é que a superfície de qualquer uma dessas opções ofereça uma altura de 75cm em relação ao piso e uma profundidade mínima de 45cm – entre 60 e 80 cm o espaço fica ainda mais confortável para o morador. O comprimento deve ser de, no mínimo 70 cm, mas o recomendável é ter 1m para considerar uma área de apoio para os objetos e equipamentos eletrônicos. Júlia ainda alerta que quinas muito vivas podem machucar os braços.
Com relação ao material, o tampo de madeira ou MDF costuma ser o mais indicado. “Mesas de vidro são ‘geladinhas’, principalmente nessa época do frio, e engorduram com mais facilidade. Por isso, quem se incomoda com esses pontos, recomendo evitar”, adverte a arquiteta.
Outros itens importantes para o home office
O ideal é que a bancada fique abaixo da janela para uma percepção positiva do usuário| Foto: Guilherme Pucci
Mesas e cadeiras são os móveis clássicos para o conforto no trabalho remoto, mas outros elementos podem ajudar na rotina de quem trabalha em casa. Itens de uso frequente com fácil acesso, iluminação correta – tanto a artificial, como aquela proveniente da janela próxima à bancada –, e cores leves no ambiente, para não cansar o olhar, são questões a serem consideradas.
Dependendo da atividade profissional, a presença de dois monitores coopera para a acuidade visual e deixa tudo mais prático. Tapetes também colaboram para o bem-estar, mas é preciso escolher modelos mais lisos e com pelos baixos para evitar que se enrosquem nas rodinhas da cadeira. “Sempre recomendo para os meus clientes comprarem o ar-condicionado com a função quente e frio, pois assim garantimos conforto térmico o ano inteiro. Outra dica, é ter sempre uma mantinha à mão, propiciando aconchego e um calorzinho extra para o inverno”, sugere Júlia. Uma cortina também vai super bem para filtrar a entrada de luz natural.
Além disso, um ambiente efetivamente organizado faz diferença. Para auxiliar, um gaveteiro é bastante útil para armazenar objetos e equipamentos de trabalho. Prateleiras, nichos e armários são eficazes para ordenar pastas, livros e afins. Todavia, a arquiteta reforça que é necessário analisar a demanda de cada pessoa e pensar o que é bonito e conveniente (ou não!) para ficar à mostra.
Distribuição dos móveis
Junto com a proximidade da janela – por conta da luz e aquela pausa que permite dar uma olhada na paisagem externa –, um cuidado também está atrelado a não deixar o morador que trabalha em casa de costas para a porta, evitando sustos com a entrada ou saída de outras pessoas no ambiente. Outra recomendação diz respeito à instalação de cortinas, pois atuam para evitar que a luz natural ofusque quem está trabalhando de frente para janela e que cause reflexos excessivos na tela de quem trabalha de costas para ela. Além disso, o mobiliário precisa ‘conversar’ com o restante do cômodo.
“Nos projetos com o escritório na sala de estar, fica estranho inserir móveis com ares mais corporativos. Por isso, soluções de marcenaria e um mobiliário mais descontraído se encaixam melhor”, discorre a arquiteta. Vale ressaltar que é preciso considerar um espaçamento de 70 cm entre a mesa e a parede, ou outro móvel que estiver atrás dela, para haver uma boa circulação no ambiente. Entre as possibilidades, a extensão do rack pode resultar em uma bancada de trabalho e, caso não seja possível fugir do dormitório, o local de trabalho pode ser uma ampliação da mesa de cabeceira.
O ideal é ter um espaço definido para que o morador não seja obrigado a desmontar e montar a mesa de jantar a cada ocasião. “Quando o home office fica inserido em outro cômodo, é interessante conseguir manter tudo organizado e escondido para evitar a sensação de estar sempre em horário de expediente”, argumenta.
Iluminação
Por fim, a iluminação é outro aspecto fundamental e que deve oferecer uma luz homogênea na superfície da mesa ou bancada. No projeto luminotécnico, fitas de LED incorporadas em uma prateleira ou nicho são ótimas referências, assim como abajures ou arandelas com luzes difusas, ou seja, com lâmpadas sem foco direcionado.
Para Júlia, a luz branca e quente, de 2700K a 3000K, é mais agradável por se aproximar do efeito da luz solar e excelente para a área de trabalho. “Se tiver apenas iluminação no teto, o ideal é contar uma com uma fonte de luz difusa sobre a bancada para que a pessoa não crie sombra na mesa. O efeito pode ser conquistado com um abajur, uma arandela ou uma fita de led”, relata. Outra recomendação é evitar luzes focais que geram sombras muito marcadas e, a depender da posição, o facho de luz pode ofuscar a pessoa sentada à mesa.
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